Shakira é a popstar perfeita para um mundo multipolar. Latina, gringa, árabe, loura, morena, tudo ao mesmo tempo agora: ela está aberta a influências, mas não esconde suas raízes. Inclusive as dos cabelos.
O show em São Paulo, ocorrido quase todo debaixo de chuva fina, no sábado, mostrou uma cantora simpática, quase despojada.
O Morumbi lotado sentiu-se próximo da colombiana de 33 anos, como se estivesse num recinto muito menor.
A estrutura montada no palco era bastante simples, ainda mais para uma estrela de tal magnitude. Nada de cenários virtuais ou dezenas de bailarinos.
Apenas três telões gigantescos que ampliavam para a arquibancada o que rolava em cena: só no final estes passaram a transmitir imagens que ilustravam algumas das canções.
É irresistível a comparação com Madonna, que se apresentou no mesmo local há pouco mais de dois anos. O contraste é gritante: Madge surgia sentada num trono, enquanto Shak entra cantando pelo meio do público (obviamente protegida por seguranças).
PASSARELA
Grande parte da ação se passou na passarela que avançava pela pista.
Foi ali que a cantora convidou quatro moças da plateia para dançarem “Suerte” com ela; ali também cantou “Gitana”, com acompanhamento acústico e deitada no chão.
O show começou com levada de rock e algumas músicas apareceram com arranjos bem diferentes dos originais. Aos poucos a sonoridade foi se latinizando.
Só mais tarde surgem duas bailarinas, que reforçam as animadíssimas coreografias do bloco final.
A turnê leva o mesmo nome do último disco de Shakira, “Sale el Sol”, mas o repertório foi pinçado de todas as fases de sua carreira. É uma espécie de “greatest hits” ao vivo, e o público canta junto o tempo todo.
EXPLOSÃO
Provavelmente por causa do mau tempo, três canções do set list anunciado foram cortadas.
Ninguém pareceu sentir falta, e não é exagero dizer que o estádio explodiu no bis, com “Hips Don’t Lie” e “Waka Waka”.
Tudo isso sem grandes efeitos especiais ou figurinos elaboradíssimos, com uma produção planejada para ser facilmente portátil.
Quase minimalista, não fosse por um pequeno detalhe: o imenso talento e carisma de Shakira.
A moça canta, toca vários instrumentos, dança feito uma “loca loca loca”. Ignora solenemente a fronteira entre o brega e o bom gosto e faz de sua apresentação uma grande festa.
Coitada da chuva: não foi páreo para a estrela.
SHAKIRA
AVALIAÇÃO: ótimo
Por TONY GOES
COLABORAÇÃO PARA A FOLHA