Em 24 e 25 de novembro Shakira esteve em Buenos Aires com entradas completamente esgotadas. Apaixonada há mais de seis anos por Antonio de La Rua, a quem confessa ter dedicado seu single Dia de Enero, Shakira Isabel Mebarak Ripoll, a poucos meses de deixar a casa dos vinte, confessa que sonha em casar e ter filhos, embora afirme: “Não acredito que seja uma coisa para um futuro próximo”.
Com seu ultimo disco, Oral Fixation vol 2, você conquistou definitivamente o público norte americano e europeu. Alguma vez você sonhou em alcançar tal sucesso? Tanta repercussão te surpreendeu? Quero ser honesta. Estaria mentindo se dissesse que nunca sonhei que minha música pudesse chegar a diversos lugares do mundo. Como artista e como pessoa sempre me imponho desafios e este foi um deles. Mas concerteza me surpreendi com a forma como o público americano e europeu aceitaram minha música. Sinto uma grande satisfação quando vejo, por exemplo, alemães ou americanos dançando ao som de músicas como Hips Don’t Lie ou La Tortura.
Você acha que sua condição física latina e seus movimentos sensuais durante a dança influenciaram nesta conquista? Gosto muito de dançar e realmente sinto prazer quando o faço. Sinto a dança como parte de mim. Muito pelo contrário, antes tinha medo, por causa da dança, que nos Estados Unidos ou na Europa não me vissem como compositora ou artista, mas agora considero isso parte do passado. Recentemente estive em turnê pelos Estados Unidos e posso assegurar que os fãs de lá desfrutam tanto das canções mais agitadas quanto das baladas.
Que diferenças encontra entre o público latino, o norte americano e o europeu? Cada um tem suas particularidades, que os torna únicos. Fico muito feliz em ver como as pessoas, sem importar a naturalidade, se divertem, cantam e dançam ao ritmo de minhas músicas durante os shows. O público latino viu meu desenvolvimento deste meu começo como artista e talvez por isso haja uma cumplicidade ou confiança um pouco maior entre nós.
Como é sua relação com seus fãs argentinos? Excelente! Meu pai sempre foi um admirador da cultura e do povo argentino e isso ficou em mim desde pequena, pois desde o princípio de minha carreira, quando cantava na Argentina sentia que éramos grandes amigos, que já os conhecia desde sempre.
Numa entrevista ao El país da Espanha disse que seu reinado não vai ser eterno. Como você se imagina seu sucesso? Nestes momentos não acho que meu sucesso seja só profissional. Sou uma mulher feliz no pessoal também e isso me faz sentir completamente bem sucedida. Se algum dia eu deixar de cantar, me sentirei feliz por ter o amor de meu noivo, meus pais e meus amigos e também de dividir todo o tempo com eles.
Você se declara perfeccionista. É esse o seu segredo? -Sim, você tem razão, sou muito perfeccionista e isto faz com que eu imponha metas a mim mesma: enquanto não consigo aquilo que busco numa canção, numa melodia ou numa letra não descanso. Mas acredito que sem o amor e o apoio de todos aqueles que me cercam, seja da minha família, do meu noivo ou da grande equipe que me acompanha, nunca teria alcançado este sucesso.
No principio de sua carreira algumas de suas músicas tinham uma crítica social muito explícita, como em Pies Descalzos. Hoje você continua se sentindo uma rebelde? Se rebeldia é defender o que se pensa e o que se sente, então continuo sendo rebelde. Agora estou num momento em que estou contente de poder difundir por todo o mundo as causas que necessitam de nossa ajuda, como o que estamos fazendo em minha Fundação Pies Descalzos pelo bem estar e a educação das crianças.
Apesar de as mudanças de cor de cabelo sempre terem sido uma constante em você, nos últimos anos também tem variado a forma de se vestir e de se mostrar. A que se deve isso? Acredito que as mudanças exteriores refletem o momento de sua vida pelo qual está passando. Atualmente me sinto muito mais simples, mais identificada comigo mesma e isto se reflete em meu visual também. Sinto que é muito mais natural do que o de anos atrás.
A chegada do amor mudou sua vida? Em que aspectos? Sim, mudou minha vida em todos os aspectos. Hoje enxergo a vida de uma forma diferente O apoio da pessoa que amo me dá mais forças para empreender e alcançar todas as metas.
Quais são suas referências musicais? Tenho muitos ídolos que admiro não só como artistas, mas também como amigos e seria uma lista muito longa para dizê-la toda aqui, mas sempre me senti inspirada por grandes bandas como os Beatles e Nirvana. Também admiro muito Alejandro Sanz e Gustavo Cerati, aos quais considero grandes músicos e amigos.
E na vida? Todos aqueles que amo: Antonio, meus pais e minha família. As pessoas que lutam por fazer deste mundo um lugar onde reine a paz e, por extensão, as crianças.
Falando de Antonio, tem planos de formalizar sua união com ele? Se quer saber se temos planos de nos casarmos, sim, nisto pensamos até agora, mas ainda não pensamos em datas nem em preparativos para a cerimônia. Só espero que este anel que tenho no dedo não tenha data de vencimento.(risos) Gostaria de ser mãe? Certamente que sim. É algo com que sempre sonhei e que incluo nos meus planos futuros, mas não acredito que seja algo para um futuro próximo. Neste momento sou mãe de cinco cachorrinhos que adoro (risos).
Como se imagina como mãe? Perfeccionista assim como sou em minha carreira, serei como mãe. Imagino-me como uma mãe muito preocupada, mas muito carinhosa completamente apaixonada por meus filhos.
Antonio te inspira a compor? O que mais te inspira? Muitas coisas me inspiram: o que esteja me acontecendo em um determinado momento, os problemas sociais que existem no mundo, o humor que tenha num dia específico, a vida cotidiana e, é claro, Antonio, como é o caso da canção’Dia de Enero’.
Se pudesse ser anônima por um dia inteiro, o que faria que não pudesse fazer hoje? Ficaria em casa um dia inteiro dormindo e descansando (risos).
Como é sua relação com o mundo da moda? Tem algum estilista preferido? O mundo da moda não é realmente meu forte. Gosto de inventar o figurino que uso e de ser um pouco criativa. Nunca tive muita relação com estilistas, mas recentemente Roberto Cavalli desenhou vários de meus figurinos.
Você se importa com sua imagem? O que já fez para ficar linda que nunca antes imaginou fazer? Acho que todos damos importância a nossa imagem, mas não sou nenhuma obcecada. Lembro-me que quando era adolescente passava muita maquiagem para que não vissem nenhuma imperfeição em meu rosto e por que achava que com mais lápis de boca ficava melhor. Mas agora que esta etapa passou percebo que o melhor é se ver natural.
Que aspectos de ser mulher você mais gosta e quais te incomodam? A forma como vemos o amor. Somos muito mais românticas que os homens, mas sonhadoras, e isso me fascina; presenteia-me com uma grande inspiração na hora de escrever canções. Não acho que tenha alguma coisa que me incomode, mas acho que às vezes somos um tanto mais exigentes que os homens.