Superstar sensação que mexe o bumbum e acaba com a pobreza, Shakira não parece colocar um pé descalço no lugar errado. Cleo Davis se encontrou com a corajosa colombiana para descobrir como seus poderosos quadris sacudiram a batalha contra a fome.
Depois de um atraso de seis horas, minha entrevista com Shakira começou com um agradável e inesperado pedido de desculpas. Ela também esperava não ter me causado nenhum incoveniente com seu atraso. Shakira se desculpando comigo? Shakira? Eu? Uau. Sensual, talentosa, filantrópica e graciosa… uma raridade entre aqueles dentro da realeza musical. Instantaneamente estávamos rolando em risadas e conversa, discutindo desde sua dança definitivamente sensual até em que lugar do planeta ela conseguiu o figurino de lycra que usa no vídeo de She Wolf. Mas eu não estava lá para papear sobre moda e vendas de 50 milhões de discos. Eu queria descobrir o que a impelia a dar tanto de seu tempo e de seu esforço à sua Colômbia natal para criar uma vida melhor para crianças, e como seus poderosos quadris havia balançado para transformar isto em realidade.
Admito que nem sempre fui fã da voz anasalada e das letras peculiares de Shakira – “Meus seios são pequenos para que não os confunda com montanhas” – e sempre entendi sua dança como ‘garota bêbada na pista de dança fazendo aula de aeróbica’. E sua beleza inegável e corpo em forma sempre me deixaram meio verde. Longe do estereótipo de pin-up que geralmente aparece na página 3 do The Sun, a pequena beldade se impõe consideravelmente grande entre os jornais mais politizados.
Dezembro passado o The Economist a classificou como uma das pessoas mais importantes de 2010 – ao lado de nomes de peso como Barack Obama – por sua luta contra a pobreza infantil através de seu império filantrópico.
Então, tudo começou com um número de dança do ventre. A superstar colombiana apresentou pela primeira vez os movimentos icônicos – que mais tarde se tornariam sua marca registrada em todo o mundo – aos 4 anos de idade. E desde então o palco se tornou o segundo lar para a garota nascida Shakira Isabel Mebarak Ripoll 32 anos atrás, uma filha única (embora ela tenha 8 meio-irmãos do casamento anterior de seu pai) numa cidade industrial da Colômbia, Barranquilla. E que venha 2010. Ela é considerada um tesouro nacional em sua cidade natal – uma estátua de aço de altura considerável ocupa lugar de honra na praça central de sua terra-natal. Não é surpresa alguma: ela já vendeu na casa de 50 milhões de cópias em todo o mundo e recentemente assinou um contrato de dez anos que segundo fontes lhe rendeu entre 50 e 80 milhões de dólares com a gigante internacional quando o assunto é turnês, a Live Nation.
Como uma das artistas mais bem-suscedidas no pop latino, Shakira poderia facilmente descansar em seus louros e riquezas, mas seu talento natural e um compromisso com o trabalho filantrópico a mantém faminta por mais. E apesar de seu desejo de trazer à tona apenas o lado positivo da vida, a leitora intelectual de Tolkien está longe de ser apenas uma estrela pop vazia. Enquanto nos acostumamos a ver jovens estrelas tropeçando na saída de boates em diversos estágios de nudez, longe dos holofotes, Shakira trabalha duro em uma impressionante variedade de trabalhos filantrópicos. E embora filantropia de celebridades não seja nada novo, seu compromisso vai mais além do que o da maioria.
Então aos 18 anos de idade, a cantora tomou um rumo em sua vida que a distanciaria das divas em queda livre como as Briteys do mundo das cantoras. Em 2003, ela fundou a Fundación Pies Descalzos, um grupo filantrópico que provê educação e empregos para cerca de 30 mil colombianos, que antes disso não tinham nenhum acesso à escola. Criada e administrada por Shakira, a organização sem fins lucrativos é dedicada a assegurar que cada criança possa exercer seu direto a educação de qualidade. O foco é melhorar o nivel de educação e qualidade de vida de milhões de meninos e meninas cujas chances de mostrar seu potencial é negada. “Cresci no mundo em desenvolvimento, onde há muita injustiça social”