Ela falou que iria se dividir entre a Colômbia e a Espanha. Pois, depois do 5×1 de ontem, é melhor Shakira fazer promessa para a padroeira colombiana, Nossa Senhora do Rosário de Chiquinquirá. Pode pedir que o time do namorado Piqué tente superar o trauma contra a Holanda e seguir em frente na Copa. Não fosse o resultado vexatório para um dos favoritos do Mundial, Shakira poderia estar cantarolando seu La la la sem culpa, pois motivos não faltam.
A versão de La la la para a Copa do Mundo, com a participação de Carlinhos Brown, já bateu os 100 milhões de visualizações, número não alcançado pela música oficial, a execrada We are one (Ole ola), do improvável trio Jennifer Lopez, Cláudia Leitte e Pitbull. Shakira não deu as caras ontem em Salvador. É esperada em Curitiba, onde a Espanha enfrenta a Austrália, no dia 23. Mas bem poderia dar uma forcinha para a estreia da Colômbia hoje, no Mineirão, contra a Grécia.
Voltaria à cidade 17 anos mais tarde. Pois foi numa noite de sexta, 19 de setembro de 1997, no extinto Estação 767, um galpão na Avenida dos Andradas, que um público bem aquém do esperado assistiu à estreia de Shakira em Belo Horizonte. A venda de ingressos foi tão fraca que a ArtBHz, produtora que trouxe o então “Furacão Colombiano” à BH, pensou em cancelar. Shakira tinha apenas 20 anos, cabelos negros, alguns quilinhos a mais e só cantava em espanhol.
Muito diferente da estrela internacional de hoje que, quatro anos depois de se tornar a voz do Mundial na África do Sul com Waka Waka (This is time for Africa), circula com desenvoltura entre craques do futebol (Neymar, Messi e Piqué estão no clipe de La la la), chefes de estado e astros pop. Ela sabe como fazer para se manter na ativa. Agora, por exemplo, em suas redes sociais, só dá Copa. Shakira convocou os fãs a utilizar a #daretodream para mostrarem como estão se preparando para o Mundial. No Twitter, Instagram e Facebook, a participação é geral: há imagens de torcedores latinos, europeus, norte-americanos em africanos em seu perfil.
Nos 17 anos que dividem a menina que veio a BH com a turnê Pies descalzos da personalidade internacional que retorna ao país com um álbum recém-saído do forno (Shakira, lançado em março), muita coisa aconteceu. A virada radical de Shakira ocorreu no início dos anos 2000, quando, para se aproximar do mercado que fala inglês, ela lançou um disco no idioma (Laundry service, de 2001).
SOCIAL Mas pintar o cabelo de loiro, malhar e cantar em inglês não bastam para se fazer uma estrela? O que diferencia Shakira de outras com tanta estrada é que a partir da música ela abriu bases em outros meios, o futebol sendo mais um deles. Vinda de uma família humilde de Barranquilla, ela sempre buscou aliar sua carreira a uma forte atuação social.
A Fundação Pies Descalzos, na Colômbia atende crianças, muitas delas vítimas da guerrilha que assolou seu país. A partir dessa experiência, tornou-se a primeira colombiana embaixadora do Unicef. Porém, sem nunca deixar a música de lado, lembrando sua participação nas recentes edições do The voice. Mesmo que não esteja cantando, Shakira dificilmente deixa o palco. A Copa será mais uma oportunidade para mostrar isso. Ela só tem que aparecer, seja para torcer para a Colômbia ou para a Espanha.
O AMADO
Criado nas categorias de base do Barcelona, Gerard Piqué i Bernabéu, de 27 anos, foi para o Manchester United em 2004, quando estreou como profissional. Sem muitas oportunidades, chegou a ser emprestado ao Real Zaragoza, onde se destacou. Voltou ao Barça em 2008 e, no ano seguinte, estreou pela Seleção da Espanha. Com uma vida pessoal bastante discreta, foi escolhido para ser garoto-propaganda da marca de roupas masculinas Mango por quatro anos seguidos.