Shakira conseguiu na última segunda-feira uma matéria de página toda no jornal O Globo. Na entrevista, concedida por e-mail, Shakira fala de seus planos para o próximo álbum e explica por que não esteve no Brasil com sua última turnê.
Confira a matéria, reproduzida com exclusividade pelo Portal Shaklira…
Bernardo Araujo
Os quadris de Shakira não mentem: o ano de 2007 consagrou a cantora colombiana como a maior estrelado pop latino mundial, além de uma das artistas de maior sucesso da música pop, sem distinção geográfica. Com uma bem arquitetada estratégia de promoção, que passa por dois CDs em inglês, colaborações com gente como Carlos Santana, Alejandro Sanz, Wyclef Jean e Beyoncé, e trabalho incessante, a diva, que completa 31 anos no dia 2 de fevereiro, coroa sua globalização — uma conquista do mundo que começa no próprio DNA, uma mistura da latinidade colombiana com a sensualidade (e os quadris, não se pode jamais esquecer os quadris) de seus ancestrais libaneses — com a trilha sonora do filme “O amor nos tempos do cólera”, que também traz músicas do compositor brasileiro Antônio Pinto.
— Tenho uma relação de muito carinho e respeito com Gabriel García Márquez — diz ela, por email, de sua casa nas Bahamas.
— Em 2006, ele me ligou para falar do filme e me ofereceu um papel.
Depois de pensar um pouco, disse a ele que preferia compor a música, que isso me deixaria mais próxima da história e da minha querida Colômbia. Li o roteiro, vi parte do filme, trabalhei no estúdio e acho o resultado muito bonito. Acho que reflete parte da história de amor contada no filme e da música da nossa região. As canções do filme são em espanhol, mas Shakira sabe da importância das gravações em inglês — iniciadas no disco “Laundry service”, de 2001, um estouro com 14 milhões de cópias vendidas em todo o mundo — para seu sucesso global.— Tenho a sorte de ter composto canções nos dois idiomas — despista ela. — É claro que a história de meus discos é em espanhol, mas com o correr dos anos senti que tinha coisas a dizer em inglês. Quando saio em turnê, gosto de fazer pequenas adaptações nas letras, para que o público possa estabelecer uma conexão profunda com elas. Segundo ela, o público — na turnê de 2006/07, “Oral fixation tour”, registrada em DVD da gravadora Sony&BMG, foram 140 shows em 40 países de cinco continentes — já espera essa mistura de línguas e linguagens.
— Mesmo em países que não falam espanhol, as minhas canções nessa língua, como foram compostas, são muito conhecidas; todos as cantam — diz ela.
— Mas é claro que a penetração das músicas em inglês é insuperável, na maioria dos mercados.
Algumas delas, como “Hips don’t lie” e “Whenever, wherever”, têm versões nas duas línguas. Ela descarta, no entanto, a possibilidade de um dia vir a cantar apenas em inglês.
— Parece-me impossível, porque o espanhol sempre será a língua mãe da minha inspiração.
Posso ter ciclos em que queira compor apenas em inglês, mas o espanhol sempre estará ali, pedindo letras para mais música.
Em 2008, ajuda a crianças carentes
Com esse equilíbrio, Shakira encerrou 2007 com a sensação de missão cumprida.
— Estou relaxando nas Bahamas, onde fico a maior parte do tempo quando não estou em turnê — diz. — Tenho alguns lugares secretos também… (um deles é uma fazenda na Argentina, onde ela se esconde com o namorado, Antonio de la Rúa, filho do ex-presidente argentino Fernando) Mas nem tudo é dança do ventre na vida de Shakira. Ela faz questão de falar de seus projetos de caridade e da situação política e social na Colômbia.
— Em 2008, além de gravar um novo disco, quero viajar e visitar lugares onde as pessoas precisam de ajuda — anuncia. — Gostaria de ajudar na conscientização de problemas que afetam a crianças em vários lugares do mundo. Minha obsessão é levar um grão de areia a cada lugar, para ajudá-los a ir para a escola e não passar a infância nas ruas. Faço isso através de instituições como a Unicef, a Fundação Alas e a minha própria, Pies Descalzos.
Sobre a situação na Colômbia, ela tem esperanças.
— Vejo que todos estão fazendo grandes esforços — diz. — O país merece a paz, depois de tantos anos de violência. Acho que será importante a pressão e a ajuda internacional de todos os governos amigos, dos quais o Brasil é um dos mais ativos.
O vizinho do Sul, aliás, não esteve na agenda recente da cantora, mas ela jura que a ausência não durará muito mais.
— Fiquei muito triste por não poder voltar ao Brasil, já que a logística da turnê não permitia — conta. — Passei muito tempo aí, cantando, no começo da minha carreira, e sinto que devo voltar para que vejam em que se transformou aquela menina. Sou apaixonada pela sua língua, e não é difícil esse amor gerar uma música.
Gostaria de gravar um dueto com algum artista brasileiro. Entre meus favoritos estão Caetano Veloso, Daniela Mercury, Celso Fonseca e Ronaldo Bastos.
Fonte: Portal Shakira e Globo Online