Shakira na Revista Times “Tudo o que ela faz é mágica”

Durante sua passagem pela Colômbia para a inauguração da nova escola da Fundação Pies Descalzos, Shakira concedeu uma esclarecedora entrevista à revista britânica Times. Na matéria, que foi traduzida ao espanhol pela revista latina ‘iHola!’, Shakira fala dá detalhes sobre a criação e o funcionamento da Fundação Pies Descalzos e sobre a nada ortodoxa relação que vive com Antonio de la Rúa.

Para ler o artigo, traduzido e adaptado pelo Portal Shakira, clique em leia mais

Fonte: Portal Shakira e Timesonline

Shakira: Tudo o que ela faz é mágica

Quando o assunto é misturar sexualidade com filantropia, Shakira é a melhor de todas. Amy Turner mostra como a melhor exportação colombiana se tornou a pecadora mais santa do pop.

Shakira, a do bumbum que remexe e das canções pop latinas que fazem mexer a barriga como Hips Don’t Lie e Underneath Your Clothes, está sendo beijada por freiras. Ao redor dela estão fotógrafos, repórteres, fãs e pensadores, como é de se esperar de uma vendedora de 40 milhões de discos. “Shaki, Shaki, olhe pra cá!”, eles gritam. Ela posa para fotos, paciente como as irmãs e sorri serenamente. Ela acabou de descer do palco, mas não está usando suas usuais calças coladas de cintura baixa ou os tops de biquíni e não esteve girando a noite. Ela está toda vestida de preto – um belo vestido longuete – e sua marca registrada, os cabelos ondulados, estão extremamente lisos.

Shakira acabou de discursar diante do presidente colombiano, Alvaro Uribe, da mídia e de centenas de crianças e seus pais, na escola de 4 milhões de Dólares que construiu em um subúrbio pobre na sua cidade natal, Barranquilla e que foi pago com arrecadações obtidas em sua última turnê. Esta é outra Shakira: a Lady Di da Colômbia, um tesouro nacional. As freiras que dão aulas em suas escolas a amam tanto quanto as crianças, que imitam seus movimentos de quadril em suas danças. Junto dela, na inauguração da escola, estavam Uribe; Alejandro Char Clahljub, o carismático prefeito de Barranquilla; a elegante ministra das Relações Exteriores Maria Emma Mejia; e o namorado de Shakira e quase-noivo Antonio, o filho do ex-presidente argentino Fernando de La Rua. Uma formidável linha de frente.

Pelo mundo todo, políticos e filantropistas se enfileiram para trabalhar junto dela em sua fundação pró-educação, Pies Descalzos, que foi fundada por Shakira quando ela tinha apenas 19 anos. Ela forneceu educação e empregos para 30.000 colombianos, desempregados e sem educação prévia. Então por que sempre se referem à Shakira como uma Britney que faz dança do ventre?

É fácil perceber como as pessoas interpretam Shakira mal – ela passa uma mensagem ambígua, parte bomba sexual feminina, parte Madre Teresa. “Não sou uma virgem, mas também não sou a prostituta que você pensa”, ela canta em uma de suas letras. Outra música de sua autoria contém o infame verso “Que sorte que meus seios são pequenos e humildes/assim você não os confunde com montanhas”. Mas quando ela não está remexendo seus quadris sugestivamente (ela prefere o termo “sensualmente”) ao som de sua música, uma fusão de pop latino, salsa e sons do oriente médio – que ela mesma compõe e produz – Shakira é uma embaixadora da UNICEF, e contribui com a Newsweek. Ela fala fluentemente Inglês, que aprendeu por si mesma, e tem como interesses história mundial, política e arte.

Ela é mundialmente famosa – uma das poucas artistas que conseguiram fazer a transição de estrela latina, para Super Star. Com uma fortuna estimada em 26 milhões de Dólares, ficou em quarto lugar na lista das mulheres mais ricas da música, segundo a Forbes, apenas atrás de Madonna, Barbra Streisand e Celine Dion.
Quando a encontrei na manhã seguinte à inauguração, já estava vestida mais casualmente, com uma camiseta e calças cargo, com seu longo cabelo descolorido solto e um pouco de batom rosa. Estamos num vôo em direção ao noroeste da Colômbia, para a cidade de Quibdo, localizada na floresta tropical, indo visitar uma de suas cinco escolas. Ela tenta visitar todas as suas escolas regularmente. “Me dá muita satisfação ver as vidas das pessoas transformadas”, ela grita, tentando cobrir o som do motor. “É como colher as frutas das sementes que plantou”.

 

Ela é linda e cara aberta, e tão pequena que consegue girar em seu assento, dependurando os pés no corredor para se acomodar melhor. Ela tem 32 anos, mas poderia passar facilmente por 22.

“Crescer no mundo subdesenvolvido, afeta você de muitas maneiras”. Ela diz, com os olhos arregalados. “Você está tão perto da injustiça e conflitos brutais na sociedade, que cresce…” ela procura a palavra, “sufocado por isso”. E continua: “Crescer na Colômbia me fez perceber que a educação pode ajudar a quebrar o ciclo da pobreza. Ela liberta todos os potenciais de uma criança, e as ensina que elas podem ter tudo o que quiserem na vida”.

Shakira Isabel Mebarak Ripoll nasceu em 1977, à única filha do segundo casamento de seu pai Libanês com uma Colombiana. Ela tem oito meio-irmãos provenientes do primeiro casamento de seu pai, sendo que muitos deles ainda vivem em Barranquilla e estavam na cerimônia de inauguração da escola, na noite passada. Seus pais também estavam no discurso, sentados apenas algumas fileiras atrás do presidente.

No começo, Shakira desfrutou de uma infância confortável. Seu pai era um joalheiro. “Nem rico, nem pobre”, ela diz. Aos quatro anos de idade, enquanto comia em um restaurante com sua família, ouviu pela primeira vez o som do dumbek árabe, que tipicamente acompanha a dança do ventre. Antes que qualquer um pudesse a conter, ela subiu em cima da mesa e começou a dançar para todos os presentes no local. Naquele dia, ela diz, foi o dia em que descobriu que era uma artista. “Soa estranho, e eu não consigo explicar, mas eu sempre soube que seria uma artista e viajaria pelo mundo. Tenho certeza de que muitas crianças fantasiam sobre isso, mas eu sabia que era verdade, que era algo que tinha de acontecer”.

Uma ex-colega de classe relembra o quão incorrigível ela era como uma artista. “Toda sexta de manhã na escola, nós a víamos se apresentar no auditório. Apenas ela, cantando e dançando no palco. Todos a encorajavam – seus pais, nossos professores. Nós sabíamos que, de alguma forma, ela se tornaria uma artista famosa. O pai de Shakira a encorajava a escrever poemas, que se transformavam em letras de música. Ela escreveu sua primeira canção, ‘Tus Gafas Oscuras’, sobre ele – um de seus irmãos morreu em um acidente de moto, e seu pai usou óculos escuros durante toda a manhã. “Você o viu os usando na noite passada?”– ela me pergunta. “Ele nunca os tira”. Ela é ainda muito próxima de seus pais, que agora moram em Miami, próximos de sua filha, em uma casa que ela mesma comprou.

Vídeos de suas apresentações antigas estão no You Tube, seu cabelo natural, preto libanês. Ela não dança do jeito pelo qual é famosa hoje em dia – não era apropriado, talvez, para sua educação católica, mas ela é sensual, com uma precoce presença de palco.

Nas tarde de sexta-feira, Shakira e seus pupilos seguidores eram encorajados a visitarem as áreas mais pobres da cidade e ajudar os não-alfabetizados a ler e escrever. “Era uma tristeza para mim”, lembra Shakira, “aquelas crianças não possuíam livros ou papel. Ás vezes não tínhamos nem mesmo um teto sobre nossas cabeças, havia mosquitos por toda parte, era úmido e as crianças tinham tanta fome que mal conseguiam se concentrar. Disse para mim mesma que se eu encontrasse sucesso, faria algo a respeito”.

O pai de Shakira viu seu negócio falir quando ela tinha apenas 8 anos. Enquanto a poeira baixava, seus pais a mandaram visitar alguns parentes em Los Angeles. Quando voltou, encontrou seu conforto doméstico tristemente reduzido. “Foi um choque voltar para uma casa sem carros, sendo que antes tínhamos dois. Vendemos a maioria de nossa mobília, nossa TV em cores, e a comida era apenas o básico. Para mim, naquela idade, isso era o fim do mundo”.

Para mostrar a ela que as coisas poderiam ser piores, o pai de Shakira a levou para o parque, onde órfãos cheiravam cola. “Daquele momento em diante, eu consegui ver além da minha perspectiva, e percebi que existiam muitas crianças desprivilegiadas do meu país. A imagem daquelas crianças, com os pés descalços e roupas esfarrapadas, ficou comigo pra sempre. Pensei comigo mesma naquele dia, que as ajudaria quando fosse uma artista famosa”. E ela ri, percebendo como isso soa.

Mas a determinação de Shakira não é nenhum motivo para riso. Quando tinha 13 anos, ouviu que um empresário da Sony estava na cidade. Ela o encontrou e cantou para ele no saguão do hotel onde estava hospedado. Ele a contratou e ela gravou seu primeiro álbum, “Magia”, aos 14 anos. A primeira coisa que ela fez com os ganhos foi comprar um carro para seus pais, mas o álbum não fez o sucesso esperado. Dois anos depois veio um novo disco, “Peligro”, que também vendeu pouco. Shakira terminou o colégio e o sucesso apareceu ao lançar “Pies Descalzos”, aos 19 anos. Logo depois, fundou sua instituição de caridade, “batizada em homenagem àquelas crianças descalças que estavam na minha memória e ao álbum que me trouxe reconhecimento fora do meu país”, ela diz. Mas sua grande fama aconteceu apenas em 2001 com o lançamento de seu primeiro disco em inglês, “Laundry Service”. O álbum vendeu mais de 13 milhões de copias ao redor do mundo, principalmente pelo efervescente single Whenever, Wherever, e ao clipe que salta aos olhos que o acompanhava. Um fã, recentemente escreveu em seu blog: “Shakira é extremamente talentosa e possui uma voz maravilhosa, mas foi na verdade sua bunda, ou mais precisamente, a requebrada de seu quadril, que a ajudou a alcançar o estrelato.

Ajudaram, provavelmente — especialmente em um mercado ocidental dominado por Spears, Aguilera, e etc. Como seu ex-colega de classe aponta, “As músicas de Shakira cantadas em Espanhol possuem muito mais alma, vêm do coração. Em Inglês ela é outra coisa totalmente diferente.

Mas Shakira diz: “Gosto de pensar que existe mais em mim do que apenas minha imagem. Meu interesse principal é crescer como artista. Tenho feito isso por tanto tempo, que aprender Inglês, conectar minhas músicas com diferentes partes do mundo é bom pra mim. Me sinto como se tivesse apenas começado.

Então qual a prioridade dela, a música ou a caridade? “Oh”, ela exclama e exala, soltando o ar, como se esta fosse à pergunta mais difícil que ela já respondeu. “A música me dá o poder – as ferramentas que preciso – para trabalhar em causas relevantes. Uma coisa completa a outra”.

Chamo a mim mesma de artista, porém no momento estou mais engajada nas causas sociais. O que quero fazer é continuar aqui na fundação, ter encontros intermináveis e planejar nossa próxima escola, mas preciso voltar para as Bahamas e terminar meu álbum novo. Se não houver mais música, tenho certeza de que não terei nem um centavo para continuar com a fundação!”Ela ri – não é verdade, claro. Muitos dos 2 milhões de dólares anuais investidos na fundação Pies Descalzos vêm de doadores privados e governos ao redor do mundo, embora Shakira contribua com a maior parte.

Ela compartilha sua casa em Miami com seu namorado Antonio, uma relação que já dura nove anos. Sua expatriação não incomodou seus fãs colombianos. Após a prestigiada inauguração de sua escola em Barranquilla, um jornalista escreveu em um jornal colombiano: “Shakira agora é americana, e suas prioridades estão fora da música. Toda vez que faz algo, ela chama a imprensa”. O artigo acabou gerando revolta entre os leitores, que encheram o jornal com cartas de gratidão e suporte à caridade de Shakira.

Shakira e Antonio são os Beckhams latinos, seguidos por todos os lugares. Porém, Antonio não é popular com os colombianos que o apelidaram de “o parasita”. “Todo mundo se pergunta ‘O que ele faz além de administrar o dinheiro dela?’” Afirma o colega estudante. (Antonio, um advogado qualificado, também é vice-presidente da Alas, um grupo que luta a favor de uma melhor educação).

O casal está junto desde 2001, no entanto Shakira diz que não há planos de casamento. “Este é meu anel de compromisso”, ela diz, mostrando um enorme diamante no meio de tantos outros, envolto em um anel de ouro. Eu pergunto por que ela usa o anel no dedo médio da mão direita. “Oh, é muito grande”, afirma. “ Eu ainda não consegui mandar reduzí-lo”

Quando o pai de Antonio, o ex-presidente da Argentina, Fernando de La Rua, foi deposto em 2001, alguns rumores surgiram de que a Sony, gravadora de Shakira, a alertou sobre seu namorado, e algumas lojas retiraram seus discos das prateleiras. Ela sente medo de que seu casamento possa colocar sua carreira em perigo? “Nem um pouco”, ela diz. “O fato é que eu não sou tão tradicionalista. Nós vivemos juntos como marido e mulher, não precisamos tornar as coisas oficiais, especialmente por causa dos paparazzi e jornalistas. Por que mexer em coisas que não estão erradas?”

Eu sugiro que ela seria uma ótima mãe, visto o amor que tem pelas crianças. “Ah, eu quero ter filhos com ele. Sim, quero muitos moleques!”, ela diz, rolando de rir. “Ah, talvez seja melhor você não publicar isso! Eu falo como um papagaio. Você já esta zonza?”

Nem um pouco. Ela é doce, engraçada e inteligente. Entrevistas são, claramente sua segunda natureza.

“Entrevistadores podem ser de grande ajuda”, ela diz. “Como terapeutas. Não tenho nenhum diário, então falar sobre mim mesma em entrevistas me esclarece sobre o que sou e o que devo fazer. Se eu gaguejar, ou levar um certo tempo pra responder, é porque estou procurando bem fundo, dentro do meu cérebro, a resposta certa para você”, ela explica, “Sou uma pessoa pública desde jovem, não conheço nenhum outro jeito de viver – é tudo que sei. Minha família e meus amigos me lembram do que é real, o que ajuda, e Antonio – ele é um homem muito sensato. Se eu fico um pouco boba, ele me traz de volta e me lembra quem eu sou.”.

Quem é Shakira então? Sua resposta é estranha e figurada “Acho que já atravessei para o outro lado do rio. Estou na outra costa. Tenho tido uma jornada longa, e já deixei muita coisa pra trás, a tristeza que aparece quando somos jovens. Já passei por tantas tempestades e meu navio já encontrou tantas coisas inesperadas, que agora sou mais forte na costa. Estou no controle. A não ser que algo dramático aconteça na minha vida agora – pode ser, não sei – para me transformar, não creio que me esqueceria de mim mesma neste momento.”

Me pergunto quanto disto é máscara, e quanto é o mágico realismo hispânico. Muito do que Shakira diz deve se perder na tradução, como a letra dos peitos-e-montanhas. Ela mexe seus olhos; todos os jornalistas de língua inglesa a perguntam sobre este verso.

“Comecei minha carreira vivendo em uma cultura hispânica e tenho um relacionamento muito próximo com estes fãs. É um casamento de muitos anos – eles me conhecem como uma mãe conhece seu filho, até a medula de seus ossos. Lancei apenas dois álbuns em inglês, então minha carreira nesse mercado é relativamente nova. Mas é refrescante, como um novo relacionamento. Existe algo verdadeiramente mágico e natural na música que conecta as pessoas do mundo inteiro. Adoro ver as pessoas apreciando Hips Don’t Lie, ou Whenever Wherever, com a mesma alegria seja no Egito, em Paris, Buenos Aires ou Chicago.”

Seu agente nos apressa – é hora das fotos, antes do avião pousar. Shakira pega um pó compacto e aplica a maquiagem, logo em seguida teme ter exagerado na dose. Depois ela se esgueira pelo corredor até onde Antonio está conversando com o representante da Sony colombiana. Ela senta no assento oposto, se curva e passa seus pequenos braços ao redor do pescoço de Antonio, e eles cochicham e soltam risinhos juntos confortavelmente.

Aterrissamos no calor opressor e úmido da floresta tropical, e seguimos de ônibus até a vizinhança de Montebello, onde a escola foi construída. Assim que Shakira aparece no vilarejo, as crianças locais se enfileiram a seu lado. No momento em que está no meio delas, ela é literalmente cercada. Centenas delas se amontoam para beijar suas roupas, seu cabelo e segurar em seus braços.

Antonio vem logo atrás, esquecido. “Gosto de vir junto, pra ajudar”, ele diz. “Esse tipo de trabalho exige muito dela, emocionalmente falando. Seria estranho não querer fazer parte disso.”

Entramos nos portões da escola e Shakira visita cada uma das classes, onde as crianças cantam e apresentam seus trabalhos para ela. Ela pára e abraça uma garotinha, cuja face brilha com tanta intensidade, que após o ocorrido, me faz perguntar a Shakira o que a garota disse. Ela responde, com lágrimas nos olhos “Foi lindo. Ela me disse ‘Shakira, você é minha mãe’. Eu respondi ‘Sério? Mas eu não posso… – onde está sua mãe?’. Ela disse ‘Esta em casa. Você é como a mãe da Colômbia.”

Após quatro décadas de conflitos civis, a Colômbia tem o segundo maior número de cidadãos desabrigados – estimado em cerca de 4 milhões e meio de pessoas – perdendo apenas para o Sudão. Cerca de metade da população Colombiana (45 milhões de pessoas) vive na pobreza extrema, e as estimativas indicam que 1 milhão de crianças não freqüentam a escola – a maioria delas entre 11 e 16 anos. Pies Descalzos conseguiu atingir mais de 30 mil famílias desde o seu início, em 2001, e mais escolas são planejadas.

O principal elemento das escolas construídas pela fundação Pies Descalzos é a sua política de “portas abertas”. Elas são centros da comunidade, onde pais encontram empregos em administração, limpeza, culinária e fabricação de uniformes. As escolas também oferecem cursos técnicos em alfaiataria e ecoturismo, e “planejamento de negócios” para encorajar o desenvolvimento de carreiras. Fora do currículo, as escolas são palco para atividades extras e projetos culturais como música e artesanato são encorajados. A escola em Quibdo oferece café da manhã e almoço para seus 750 estudantes em uma vila onde as crianças eram subnutridas – algumas delas nunca haviam comido carne antes da abertura da escola, em 2004 – agora os estudantes estão em seu padrão nutricional adequado. Tudo isso custa menos de 1 dólar e meio por dia por cada criança.

Mas o próximo passo de Shakira, com a ajuda de Trevor Nielsen, o presidente do Grupo Global de Filantropia, é lançar a fundação mundialmente usando seu nome em inglês, Barefoot, em uma tentativa de conseguir alcançar as 300 milhões de crianças dos países mais pobres do mundo que não freqüentam a escola.

“O que nós queremos, no fim das contas, é criar um fundo mundial em prol da educação” diz Trevor, “com o qual as muitas organizações de apoio que trabalham com educação sejam supridas e coordenadas por um único corpo. Infelizmente, tendo em vista a situação das economias globais no momento, a educação não é uma prioridade. Os governos deveriam perceber que o custo de educar as crianças mais pobres é bem menor do que o de não educá-las. A educação previne o aumento de doenças, melhora a eficiência da agricultura e aumenta a taxa de pessoas empregadas.”

A popularidade de Shakira poderia colocar a questão da educação mundial no topo da lista. Com a Unesco pressionando em favor de uma educação de qualidade para todos até 2015, o assunto já está na agenda, mas poderia ser resolvido mais rapidamente, talvez, com o empurrão dado por Bono e Geldof na resolução da questão da dívida externa dos países de terceiro mundo. Seria Shakira o próximo Bob Geldof? É algo que Trevor claramente considera, “se ela não é, não sei quem poderia ser”.

A própria Shakira já é mais cautelosa. “Ha!” Ela diz, quando perguntada. “Eu encontrei ambos em 2005, no Live 8, e eles me ajudaram muito. Farei qualquer coisa que puder parar chamar a atenção para a importância da educação. Acredito que seja vital que os setores público e privados se tornem aliados para investir em escolas, universidades e programas de alimentação escolar. Eu sei que, no momento, isso não é uma prioridade para as autoridades.

É uma questão de grande importância também para Gordon Brown. Shakira e Brown se encontraram no ano passado, para debater sobre educação, e ela diz que espera encontrá-lo novamente nesta primavera (inglesa), quando irá ao Reino Unido divulgar seu próximo álbum. “Teremos muito o que conversar”, ela diz. “Todas as vezes que nos encontramos só conversamos sobre educação, educação, educação.” Ela observa meu sorriso de forma questionadora. É um slogan bem conhecido e tem sido um pouco massacrado ultimamente, eu explico. “Não conheço suas políticas domésticas, mas sei que ele é uma das poucas pessoas no mundo que tomou medidas específicas para levar educação a todas as crianças do mundo.”

É realmente, genuinamente, importante pra ela, não é?

– Sim, é vital. Vital.

Enquanto deixamos Quibdo, Shakira e Antonio seguem em seu vôo particular para as Bahamas, mas não antes de ela dar abraços na equipe inteira, posar pacientemente para fotos com jornalistas, relações públicas, técnicos de som, e até mesmo fazer um vídeo para a filha de um repórter. “Um ‘olá’ da Colômbia, Bambina, te mando um beijo!”

Enquanto nos despedimos, ela se certifica de que consegui tudo o que queria. “Tentei fazer seu tempo valer a pena, sei que você veio de muito longe. Viu tudo que queria ver?” Algo me diz que ainda veremos muito mais de Shakira.

Para mais informações sobre a fundação Pies Descalzos, visite:

 

Você Pode Gostar!

Mais do autor