‘Loba’ é o primeiro single que a barranquilheira lança após quatro anos de silêncio musical. Elenco e EL TIEMPO foram os únicos veículos impressos colombianos convidados ao lançamento de ‘Loba’. Shakira não sua. E isso, no calor infernal das Bahamas, é uma benção para uma figura que sempre deve estar impecável. Sob as poderosas luzes no salão do hotel Sheraton, adaptado para se transformar num estúdio de televisão, a barranquilheira joga com o cabelo agora mais loiro, tecla em seu blackberry e de vez em quando olha para seus assistentes para saber se está tudo pronto para começar a entrevista seguinte. São onze e meia da noite. O suor escorre aos montes pelo meu rosto e nossa cantora mais internacional permanece fresca, sem qualquer necessidade de retocar a maquiagem e só repassando a cor dos lábios. ‘Estou desidratando’, digo a ela. “Pois eu nem nos shows suo e dizem que isso pode ser um problema”. Isto se chama anhidria – nos contaria depois um médico. Não é perigoso para o corpo uma vez que, ainda que toxinas sejam eliminadas através do suor, o corpo então as elimina de outra maneira.
De Miami a Bahamas foram 50 minutos em um aviãozinho bimotor que passeou por cima das ilhas rodeadas de mar cristalino. Neste paraíso, visitado pelos gringos no fim de semana, Cheio de majestosos hotéis e cassinos, vive Shakira, com a tranqüilidade da qual agora não pode desfrutar em nenhum outro lugar do mundo: “Aqui posso ir de pijamas ao supermercado, ando descalça e tenho a privacidade que consigo em poucas partes do mundo”. Em Compass Point, uma região exclusiva, está o lendário estúdio onde grupos como Led Zeppelin gravaram. Foi onde a artista começou a se convencer de que talvez seria bom estabelecer seu epicentro em Nassau: “Foi quando vim gravar ‘Laundry Service”. E então ela foi ficando, conseguiu uma casa gigante a meia hora do Sheraton – onde era nossa entrevista – e até construiu seu próprio estúdio para gravar com tranqüilidade. Na caminhonete Mercedes azul-prateado, que ela dirige sem problemas quando vai passear ou comer com Antonio, é fácil identificá-la com seu cabelo loiro. En Compass Point também está seu restaurante favorito, onde pede peixe, frango, frutas e verduras: “Ela come de forma muito saudável”,conta Gaby, a argentina que cuida de todas as suas necessidades e que, quase meia-noite, já tem a comida pronta “Para quando a chefe quiser”, diz ela, em tom amoroso.
Na porta do salão, cinco rapazes que esperaram durante duas horas preparam papel e caneta para conseguir um autógrafo. As câmeras dos demais veículos convidados (apenas oito dos mais influentes da América latina, no total) tratavam de pescar qualquer imagem da artista apenas abria-se a porta. E entre todos, está à diva Susana Giménez, também convidada para entrevistar a Shakira para a Telefé (canal argentino). Em uma pausa, enquanto a estrela ia ao banheiro, os rapazinhos realizaram seu sonho. Shakira os abraçou, os acariciou, perguntou por suas vidas e estampou autógrafos em seus papéis e beijos em suas bochechas. “Acho que uma das satisfações de se trabalhar com ela é saber que antes de ser estrela, ela é uma pessoa e apesar do quão tranqüila é, da confiança que me dá, sempre tenho em mente que trabalho para ela e que não vou passar dos limites. Este é um erro de muita gente que se aproxima dela”, diz Gaby.
‘Loba’, o single que lança depois de quatro anos, já estava tocando nas emissoras de todo o mundo: “Eu quis recuperar a magia do pop dos anos 80, por isso este disco é mais dance, mas eletro, mais retro”. E está certa. Além do que já se conhece, minutos antes havíamos escutado com exclusividade outras quatro faixas e a versão em inglês de ‘Loba’. ‘Devoción’, que foi feita em colaboração com Gustavo Cerati; ‘Good Stuff’, ‘Did it Again’ e ‘Años luz’. O CD completo, com sete faixas em espanhol e três em inglês, sai ao mercado na primeira semana de outubro. O vídeo de ‘Loba’ estréia no final deste mês. Ano passado, em Madrid, Shakira posou para a primeira capa da Elenco. Por isso, depois de dar autógrafos se aproximou do frescor da gente de sua terra e, depois de um abraço, agradeceu pela capa: “gostei muito”, ela disse. E gostou tanto que dezembro passado, quando foi um dos temas da Pople em Espaçou, disse que só aceitaria ser capa da publicação se a foto fosse a mesma da usada na Elenco.
No saguão, dois diretores de imagem, duas assessoras de vestuário, outras três assistentes e Aito de la Rúa, seu cunhado (que gerencia as comunicações para os países da fala hispânica), eram o público permitido. Cada jornalista tinha meia hora em particular com a artista. “A loba é mulher de dia e animal de noite, é a mulher mais carnal, mais livre, mais feliz. Acho que tem a ver com as liberdades individuais da mulher de hoje, do homem de hoje, do gay desta época”. E esta liberdade, esta sensualidade mais exagerada, é o que se nota na nova imagem de uma Shakira mais sexual; e também nas fotos que nos foram cedidas com exclusividade. A conversa é tão descomplicada como é a artista quando se sente a vontade. E assim nos conta que vêm as viagens de divulgação, a turnê depois de lançar o álbum e, para o primeiro semestre de 2010, o disco predominantemente em espanhol. Além disso, vem também o perfume no qual vem trabalhando há dois anos. “E tenho muita vontade de ter meu filho agora, meu lobinho. Antonio também. Estamos prontos, mas não podemos neste momento, não na metade de um lançamento”. E a rainha colombiana do pop sonha com dois filhos. Segundo ela, é com esses que pode se comprometer, embora Antonio peça três: “Quero dedicar muito tempo de qualidade a eles e não quero que venham em meio a mil projetos, mas sim em um momento de paz”. Aos 32 anos, a maternidade é um chamado urgente para ela: “Cheguei a pensar em parar tudo e ter [meu filho] agora, por que quando se chega aos 32 fica mais difícil, o corpo pede, é uma necessidade física que está sempre latente”
No outro dia, terça, o chamado seria muito prematuro. Uma seção de fotos para uma revista inglesa a esperava. Na sexta, uma viagem relâmpago a Londres para continuar a divulgação de seu single. Em seguida, ela rumaria a Paris, onde faria fotos para a Vanity Fair. E esses eram só os compromissos mais próximos da barranquilheira, que agora exibe suas garras. A cantora e compositora, agora mais dançante e selvagem, que às uma e meia da manhã, quando terminou a última entrevista, se despediu perfeita, sem sinal de suor e com o mesmo sorriso.
Fonte: Revista Elenco