Boa música e engajamento social marcam o trabalho dos dois astros colombianos
A Colômbia, o segundo país mais populoso da América do Sul, com 47 milhões de habitantes, possui muitas coisas boas e muitos problemas, também, como todos os seus vizinhos de continente. No momento, os guerrilheiros das Farc (Forças Armadas Revolucionárias da Colômbia), em atividade desde os anos 60, tentam mais uma vez atrapalhar o processo democrático.
Terra do escritor Gabriel García Márquez, prêmio Nobel de 1982 e maior representante do realismo mágico na literatura latino-americana; do corredor de automobilismo Juan Pablo Montoya; de jogadores de futebol de cabeleiras excêntricas como Carlos Valderrama; e de ritmos calientes como cúmbia e vallenato, a Colômbia nos últimos tempos tem surpreendido na música pop.
Precedido pela sensual Shakira, que começou a carreira na adolescência e, aos 30 anos, é uma estrela mundial, o cantor e compositor Juanes, 35, se transformou no principal nome masculino do pop de origem latina. O lançamento do seu quarto álbum, La vida… es un ratico (A vida… é um instante), simultaneamente em 77 países foi uma prova desse poder.
O investimento da major Universal, que fez do disco o maior lançamento da história de um artista de língua hispânica, não foi um tiro na água. Nos EUA, onde saiu no final de outubro, o CD já vendeu mais de um milhão de cópias e o single Me enamora bateu em seis milhões de downloads legais. A canção está há 16 semanas no topo da parada Hot latin songs, da Billboard.
No Brasil, Juanes começou a tornar-se conhecido ao ter Para tu amor incluída na trilha sonora da novela Páginas da vida (2006/2007). Confiante de que pode quebrar a habitual resistência do mercado brasileiro aos artistas latino-americanos, o cantor – fã de Caetano Veloso, Gilberto Gil, Jorge Ben Jor e Sepultura – prepara uma visita promocional ao país.
La vida… es un ratico é o melhor álbum do filho de Medellín. Autor acima da média, Juanes foge do pop hispânico mais comercial e equilibra elementos do rock, da música regional e do universo indie latino. A co-produção do argentino Gustavo Santaolalla ajudou muito: líder do Bajofondo e vencedor de dois Oscar pelas trilhas de Brokeback Mountain e Babel, ele entende tudo e um pouco mais de pop rock hispânico.
As composições de Juanes falam de amor e questões políticas e sociais. O rock No creo en el jamás toca nos conturbados dias atuais da Colômbia que, além de suas próprias mazelas, agora tem um vizinho problemático como o presidente venezuelano Hugo Chávez. A tocante Minas piedras, uma trova cubana interpretada em dueto com o argentino Andrés Calamaro, fala das minas de guerra deixadas pelos campos do seu país.
Ativismo – A preocupação social de Juanes é coisa séria. Considerado pela revista Time, em 2005, como uma das cem pessoas mais influentes do mundo, ele preside uma fundação para ajudar as vítimas das minas terrestres na Colômbia (pessoas comuns que pisam em bombas escondidas espalhadas nas estradas e campos por guerrilheiros e traficantes) e trabalha em projetos da ONU (refugiados, Aids) e da Cruz Vermelha.
Para o importante jornal New York Times, Juanes é “… o cantor e compositor mais quente da América Latina. Um poeta cheio de alma com uma guitarra elétrica”. Na definição da Associated Press, o compositor “… é constantemente comparado a Bono e Sting, com quem compartilha a paixão pelo ativismo social, mas se transformou em algo totalmente novo – o primeiro e verdadeiro rock star a surgir da América Latina”.
Shakira, a poderosa conterrânea de Juanes, também divide com ele o gosto pelo trabalho social. Há dez anos, a cantora criou a Fundação Pies Descalzos em sua cidade, Barranquilla, que cuida de 4,5 mil crianças carentes. Em 2004, se aliou a outros artistas, empresários e ONGs para criar a Latin America for Solidarity Foundation, destinada a combater a pobreza. Em setembro, ela doou US$45 milhões à instituição.
O novo DVD da pop star, Oral fixation tour (Sony BMG), é o registro de um show da turnê homônima, realizado em novembro de 2006, em Miami, EUA. Não é por acaso que Beyoncé convidou Shakira para dividir Beautiful liar (2007): as duas disputam o título de cantora mais gostosa do mundo. Em 90 minutos de show, a colombiana esbanja competência e sensualidade interpretando os seus hits (em inglês e espanhol).
O espanhol Alejandro Sanz (La tortura) e o rapper americano Wyclef Jean (Hips don’t lie) fazem participação especial no show e o DVD traz, de bônus, um CD com seis faixas tiradas do show. Bom para observar também como a música jovem de origem hispânica, a partir da crescente força mercadológica dos latinos na sociedade melting pot dos EUA, vem oxigenando a cultura pop mundial.
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FICHAS
Disco: La vida… es un ratico Artista: Juanes Produção: Gustavo Santaollala e Juanes Gravadora: Universal Preço: R$25 (em média)
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DVD: Oral fixation tour Artista: Shakira Direção: Shawn Kim Gravadora: Sony BMG Preço: R$39 (em média)
Fonte: Portal Shakira
