No dia 2 de Novembro, Shakira compareceu em dois eventos que dão continuidade aos projetos de construção de duas novas escolas da Fundación Pies Descalzos, uma em Barranquilla e outra em Cartagena.
O Jornal La Vanguardia realizou uma matéria especial sobre o tema. A equipe do Portal Shakira trouxe a reportagem com tradução livre em português.
O texto demonstra o impacto que a instituição de Shak em Barranquilla realiza na transformação da vida das crianças, família e comunidade. Confira abaixo:
As escolas de Shakira
Quando em Barranquilla (Colômbia) se pergunta sobre o bairro de La Playa, no norte da cidade, as pessoas respondem “você tem que ir em direção a Shakira” como se a indicação da instituição Fundación Pies Descalzos, criada pela cantora colombiana, tivesse dado identidade ao lugar. A escola está localizada perto do pântano de Mallorquín, onde pescam os homens da comunidade que é oficialmente chamada de Corregimiento Eduardo Santos . Esse é o sexto centro que a cantora tem na Colômbia.
“Em direção a Shakira” é um dos subúrbios mais pobres de Barranquilla, que foi construído e ampliado com os os departamentos adjacentes de La Magdalena, Sucre e Bolívar, ocupando um terreno baldio de areia, com casas baixas de pedra de rio, madeira ou tijolos. Eles vivem da pesca, os jovens jogam bilhar para competir na cidade e “conseguir milhões”, compram as árvores de Natal de plástico com o “plano separe” (em prestações) e na rua os cachorros abandonados vagam.
A escola de Barranquilla abre suas portas à tarde e nos fins de semana para toda a comunidade
A população cresce. Agora, uma boa parte dos 1,2 milhões de venezuelanos que fugiram de seu país para a Colômbia, dispostos a dormir em um colchão no chão sob um telhado precário, mas mais seguro do que o telhado da Venezuela. A integração dos exilados do norte, novos pobres, não é feita sem conflito. Culpados ou inocentes, eles são responsáveis por roubos, estupros, assassinatos …
A Fundación Pies Descalzos, promovida por Shakira, está pensando em como reintegrar a nova realidade dos venezuelanos na escola. Esta entidade construiu o centro público Pies Descalzos de La Playa há nove anos. Patricia Sierra é a diretora executiva – e uma das promotoras, juntamente com Emma Mejía, uma ex-conselheira da ONU. Sierra explica que a fundação foi inicialmente dedicada à nutrição nas cantinas escolares, mas a atividade era puramente assistencial. Foi quando foi decidido recorrer à educação.
“Shakira definiu duas condições de entrada. A primeira é que queria trabalhar desde o público, apoiando a administração e em áreas de grande necessidade. No segundo, ela apenas disse: “Eu quero uma escola onde eu possa levar meus filhos”.
O Instituto Pies Descalzos de La Playa conta com 1.500 estudantes de 5 a 18 anos. Anexado ao edifício (que tem um teatro, sala de concertos, música, salas de informática …) se encontra a creche Aeioyou, uma das escolas de Reggio Emilia no mundo, que baseia sua pedagogia em ouvir e observar o criança ligada à sua própria cultura. Pies Descalzos também trabalha com esse espírito.
A formação da Instituição baseia-se em três premissas: dignidade, enraizamento e produtividade, ou seja, trabalhar para melhorar as condições de vida da comunidade. “O primeiro ano nos dedicamos a ensinar os alunos a respeitar o prédio e seus pátios. Foi o primeiro espaço coletivo deles, nós tivemos que fazer isso para que eles pudessem cuidar disso ”, explica Sierra. Então, eles envolveram a comunidade em uma infinidade de projetos e tarefas.
As fundações da La Caixa e do Barça contribuem com 1,2 milhão para a criação da nova escola, que apoiarão com projetos
A escola está aberta ao fim da tarde e fins de semana para residentes na área vir a ter aulas de esporte, cultura, Inglês, leitura, computador, música, dança ou criando trajes nas máquinas de costura (Barranquilla é famosa por seu carnaval). Entidades estrangeiras contribuem como a Fundação Caixa e a Fundação FC Barcelona que colaboram com suas metodologias para formar no empreendedorismo os jovens e formar valores desportivos que permitem trabalhar em aspectos como convivência, a discriminação de gênero ou assédio moral (mediante ao Programa Futbol Net) .
Nesta década, estima-se que a escola promoveu 980 iniciativas de trabalho autônomo ou a criação de pequenas e médias empresas. A partir de alguns projetos para a comunidade, nascem empresas como vendedor ambulante de pastéis que hoje vende para a escola e outras empresas, após um curso de negócios. As mães que aprenderam matemática e linguagem para dar aulas de reforço aos alunos atrasados cujos pais não têm conhecimentos básicos tornaram-se professoras de reforço que cobram pelo seu trabalho em outros centros.
Oficinas contra a violência
Um grupo de cerca de oitenta mulheres do bairro juntou-se a oficinas contra a violência. A Sra. Monica, 47 anos, é uma delas. Sua história é significativa. Originalmente de Medellin, seguiu o marido para a praia, onde adquiriu uma alergia de pele por água contaminada, deu à luz dois filhos que entraram na escola de Shakira e com seu entusiasmo se tornou uma das mães contra a violência. Ajuda as crianças a se livrarem do “vício”, a voltarem para a escola e a lutar contra os maus tratos no bairro. “Eu costumava bater e gritar com meus filhos e agora sei que apenas a palavra amarosa educa” explica ela. Maltratar, ela diz, leva à violência ou ao silêncio.
O filho de Monica é mecânico e sua filha, que está no último ano do ensino médio, quer ser veterinária. Ela acha que vai conseguir uma bolsa de estudos do governo por ser uma boa aluna. Monica se separou do marido há quatro meses. “Eu, que ajudei outras mulheres, não via a necessidade de agir em minha casa.” Ela se preparou e pediu para ele sair.
As mulheres levam uma vida difícil no pântano. Elas varrem e limpam a casa até o marido chegar da pesca. Elas preparam pão e “tinto” (café). As gravidezes começam com 12 anos. Muitas, sem um pai reconhecido, são o resultado da violência intra familiar. “O abandono escolar devido à criação de uma criança é infelizmente muito comum em áreas desfavorecidas da Colômbia”, explica Sierra, “mas em nossas seis escolas apenas uma menina de 16 anos engravidou”.
O nível acadêmico alcançado nesses anos excede as expectativas de um centro público. Nas avaliações estaduais, os estudantes são colocados nas posições mais altas e o objetivo é que no próximo ano se obtenha o máximo, A +, uma nota reservada apenas às melhores instituições privadas da Colômbia.
Professores, uma das chaves
Os professores são uma chave. Sua formação é contínua e intensiva e eles trabalham colegialmente. “Propomos espaços de aprendizagem e, nos estágios iniciais, são as crianças que escolhem o que querem aprender. Respeitamos todos os talentos e formas de expressão de cada aluno que está adquirindo grande autonomia e expressividade “, explica a professora Emperatriz Passo. Lamenta, no entanto, que a população não aprecie “todos os brinquedos” que têm na escola, quando noutras áreas onde ensinou dificilmente havia lousa.
No ano passado, 500 alunos receberam treinamento do programa Jovens Empreendedores da La Caixa e um grupo foi a Barcelona para competir em um projeto. Elias é um desses alunos quem em uma carta emociona para o diretor da área educacional da fundação, Xavier Bertolin, ele expressou sua gratidão porque graças a essa viagem se “empoderou” e estudou para conseguir uma bolsa para estudar engenharia. “Quem teria dito isso, certo? Eu nunca tinha estado em um avião antes . Embora minha família tenha baixa renda, agora desfruto de uma boa universidade. Talvez um dia nos veremos novamente “, ele diz esperançoso.
Da Instituição Pies Descalzos saíram excelentes alunos, como Elias, campeões de patins, sax, futebol feminino ou xadrez como o pequeno Danilson David Sepúlveda,de 8 que compete com os de 12 anos e ganhou o campeonato provincial. “Sou muito inteligente e competitivo”, diz ele. Eu quero ser um meteorologista para antecipar os fenômenos da natureza e evitar desastres.
Pies Descalzos contribuiu com 80% do financiamento do centro nos primeiros anos. Agora, que está estabelecido, foi reduzido para 30%.
Em 2 de Novembro Shakira colocou a primeira pedra de seu sétimo centro colombiano que estará localizado também em sua cidade natal no bairro El Bosque, poucos metros da superlotada Cadeia Municipal, um bairro que os motoristas de táxi se recusam a entrar. A escola será inaugurada em 2020. E j desembarcaram o grupo de psicólogos, educadores, antropólogos, historiadores que definirão as características do bairro e capacitarão líderes comunitários. As fundações do Barça e La Caixa colaboram com 1,2 milhões de euros.
A cantora fez seu discurso. Ela Disse que era inaceitável e injusto que os governos não tivessem como prioridade máxima o cuidado com as crianças e sua educação, que é o futuro dá humanidade. Que as empresas, que recebem da sociedade, também deveriam contribuir para quebrar o ciclo pernicioso que te condena os filhos dos filhos dos pobres a serem ignorantes. Ela ainda apontou para o grupo crianças que aplaudiram:
“Daqui sairão engenheiros, médicos, professores. Daqui sairão pessoas com ideias para trazer a paz e progresso para Barranquilla, Colômbia e mundo”. – Shakira
https://www.instagram.com/p/BpuV0McBtle/
Clique aqui para conferir a publicação original em espanhol.
Sobre a Fundação Pies Descalzos:
A Fundação Pies Descalzos é uma ONG colombiana (organização não governamental) criada em 1997 pela artista internacional Shakira com o objetivo principal de promover uma educação pública de qualidade para crianças em situação vulnerável na Colômbia.
Para conhecer o trabalho da “Fundação Pies Descalzos” acesse o site abaixo:
https://fundacionpiesdescalzos.com/
