Shakira, ame ou odeie

Vibrou com a Itália, vai torcer por nossos algozes ou ainda está de ressaca pela decepção com a seleção brasileira? Não importa de que lado você está. Domingo vai ser dia de Shakira. Como é? Isso mesmo que você está lendo. Domingo é dia de final de Copa do Mundo… e de Shakira. Dez minutos antes de começar a partida entre Itália e França, a cantora pop colombiana vai subir ao palco do estádio Olímpico de Berlim e cantar “Hips Don’t Lie” em um evento transmitido para dezenas de países. “Hips” é uma parceria de Shakira com Wyclef Jean, aquele mesmo dos Fugees, e já virou hit milionário que passou pelo topo da Billboard e é um dos atuais campeões de downloads na internet.

“Não tenho nem ideia do que é um pênalti, mas vou aprender”. As frases de Shakira são ótimas, parecem (parecem?) feitas para chamar a atenção e ganhar manchetes de jornais.

“Até o Império Romano teve sua derrocada”, disse em entrevista recente ao jornal espanhol “El País”, referindo-se ao fato de já estar conformada, aos 29 anos, de que um dia seu “reinado” (expressão dela mesma) irá terminar.

Shakira vendeu 26 milhões de discos. Lota estádios na Europa, nos EUA e na América Latina. Não seria exagero dizer que talvez compita com o narcotráfico quando se discute, pelo mundo, os grandes temas atuais da Colômbia.

A questão é, por que tantas pessoas amam Shakira, se o que há de artificial nela é tão latente?

1 ) Porque ela é atraente e sexy (até aí é fácil…)

2 ) Porque suas músicas são mais do que fáceis de escutar, gostar e cantarolar

3 ) Porque ela transmite um ar de exotismo com a mistura latino-árabe que compõe seu personagem

Os críticos baba-ovo (e o mítico Jon Pareles, do “New York Times” não é exceção) me contestariam, dizendo que Shakira é autêntica porque compõe, canta e produz sozinha sua própria música. OK, é verdade, então talvez o mais exato seja dizer que ela é sim um produto feito para vender, mas feito por ela mesma, o que não muda muita coisa, pelo menos por esse lado. Mas vamos tentar entendê-la dentro de seu contexto. Em primeiro lugar, Shakira só pôde estourar porque tomou carona no crescimento do mercado para latino-americanos e seus descendentes dentro dos EUA. Antes dela, já haviam provocado tremores Gloria Estefan, Luis Miguel, Ricky Martin e uns outros tantos. Depois, por uma especificidade de nossos tempos-globalizados-pró-diversidade-politicamente-correta, curtir uma garota que veio de um dos países mais violentos da América Latina e que ajuda as crianças pobres que nele nascem, com uma fundação chamada Pies Descalzos é, sem dúvida, algo “cool” e super-do-bem.

Bom, a essa altura você deve achar que eu não gosto dela. Errou feio, tenho todos os seus discos. E, se me espanto com a máquina de sucessos onde ela está metida, é só por achar contraditório que todo esse aparato mercadológico acolha uma música pop de tanta qualidade. Shakira é eclética e manipula gêneros com habilidade, do rock ao flamenco, do tango ao reggaetón, num repertório que já virou uma espécie de esperanto dos imigrantes latinos pelo mundo. Não é pouca coisa.

Ícone anti-capitalista modelada no coração da América. Brega e sexy, vulgar e atrevida, Shakira é um verdadeiro “embrujo”, um enigma e, se uma vez você escutou algum de seus sucessos, certamente levou alguns dias para tirá-lo de sua cabeça…

Fonte:Portal Shakira Artigo por Sylvia Colombo /Folha Online.

Você Pode Gostar!

Mais do autor