Após a espera, chegou o grande momento: o lançamento do filme Shakira In Concert: El Dorado Tour, o tão esperado registro da última turnê da nossa diva colombiana Shakira, que foi exibido na noite do dia 13 de novembro, em mais de 60 países.
A produção consistiu no maravilhoso show de Shakira, intercalado com um documentário, onde foi possível saber como foi o projeto de criação da turnê, como foram selecionadas as músicas do setlist, detalhes em primeira mão contados pela própria Shakira e, o mais legal, poder rever a emoção dos shakfãs ao redor do mundo. Em resumo, foi possível perceber perfeição de uma diva e a simplicidade de uma niña.
Desde os primeiros minutos de exibição, já se podia perceber que a noite seria épica.
O filme começou com cenas do interlude do show, com imagens de Shakira em baixo da água, do mesmo ensaio do álbum El Dorado e do clipe de Trap. Seria uma sereia? Porque uma voz hipnotizante, ela tinha!
Entre uma música e outra, tínhamos trechos da produção das canções. Seja no estúdio ou na locação de ensaios, a nossa diva colombiana se mostrava cada vez mais humana e também cada vez mais Loba. Todos os detalhes estavam sendo ajustados para serem perfeitos e com o decorrer do show vemos que realmente eram!
Os pequenos Milan e Sasha estiveram presentes em vários momentos durante os ensaios de Shakira para a turnê. Os pequenos estavam atentos a tudo e, ao mesmo tempo, se divertiam enquanto sua mãe se preparava para a turnê.
Logo após a exibição do medley de Estoy Aqui/Donde Estás Corazón,
vemos o primeiro trecho do documentário, mostrando os bastidores da criação da performance de She Wolf. Nesta parte, pudemos perceber que Shakira, mesmo com a equipe que cuida de tudo, esteve presente o tempo todo, fazendo ajustes, reformulando coisas e detalhes, para garantir um espetáculo impecável a todos nós.
No decorrer do documentário, vemos a produção em estúdio de Chantaje, Perro Fiel e La Bicicleta, contando com a presença de Maluma e Nicky Jam, este inclusive cantou um trecho de Antologia.
Apesar do momento terrível que a cantora passou, todos sentimos uma sensação gostosa. Foram histórias engraçadas, situações inusitadas e um olhar mais profundo do que é ser a artista Shakira. Com todos os prós e contras, vemos o quão ela se dedica e se esforça para superar as barreiras.
O filme mostra que a família, os fãs, a banda e a equipe também são protagonistas do show. Muitas imagens mostram a emoção de todos com essa turnê, que realmente foi um sonho dourado. O registro desta turnê foi um grande presente aos shakifãs.
Ainda não sabemos quando e de qual forma será disponibilizado mundialmente Shakira In Concert: El Dorado World Tour.
Ao final do filme, logo após os créditos, foi exibida uma entrevista de Shakira para Leila Cobo, da Billboard Latin. Confira abaixo:
Entrevistadora: A Turnê Mundial El Dorado é uma façanha! Não acha, Shakira? Como você se prepara física e mentalmente para fazer o show?
Shak: É um show longo e árduo. Sim, nas últimas turnês cantava uma hora e quarenta e cinco minutos. Com o passar dos meses, tirava uma músicas, sem que se dessem conta, uma ou duas, porque eu não conseguia aguentar. Mas, sei lá, com o passar do tempo, fiquei mais forte para algumas coisas. Quem acaba comigo são meus filhos.
Entrevistadora: Foi uma turnê com muitos tropeços, não?
Shak: Aconteceu de tudo, mas dois dias antes de iniciar a turnê, montei na “bicicleta” e caí, torcendo o tornozelo. Então comecei a turnê com o tornozelo machucado. Eu tinha de usar curativo, mas também tive uma queimadura de segundo grau com a corrente da bicicleta. Você não imagina a dor que sentia, que foi contrabalanceada pelo prazer, prazer de ver meus fãs, cantar com eles e muita dor. Tim? Tim Mitchell, diretor musical e guitarrista, topou com uma segurança no escuro e acabou se machucando e tendo uma contusão cerebral. Eu rezava toda noite, pois não sabia o que iria acontecer. Parecia uma corrida de obstáculos, como cruzar a Sibéria, mas aguentei graças ao carinho e calor das pessoas. Ao invés de Turnê El Dorado foi a turnê “Machucado”, porque todos se machucaram. Queria um show minimalista, gráfico, as vezes sofisticado, mas também selvagem em outros momentos. Não queria muita rigidez e estrutura, sabe? As vezes, as coreografias com os bailarinos forçam a fazer o mesmo toda noite. Para mim, o espaço para improvisar é muito importante. Além disso, carregar o peso do show nos meus ombros e nos ombros de cinco músicos.
Entrevistadora: Foi um grande esforço. Um desafio.
Shak: Sim, foi um desafio enorme. Achar a sequencia perfeita das canções é um processo complicado que depende de muitas variáveis. Depende das mudanças de figurino. O figurino, isso me deixa louca. Lembre-se da saia de plumas.
Nadine Eliya (Assistente de projetos) e Sofia Leclair (Assistente) conversam com Shakira: Sim, colocaram pluma por pluma. Agora ponha as plumas, agora tire. Certo vamos tirá-las. Vamos por de volta. Sim. No final, Marty Hom usou.
Shak: Para mim, a roupa é o mais difícil, porque, até o último dia, você faz mudanças, remenda, altera. O que funciona melhor para mim é ouvir minha música e sentir aquilo que for sair, tentar não se esquecer e transformar em coreografia. Sem ficar calculado demais ou criado por outra pessoa. Como dizia Michelangelo, a escultura está dentro da pedra, basta esculpí-la. A dança está dentro de mim e bastam as ferramentas adequadas, o ambiente certo, criar a atmosfera, para que surja, que venha à superfície. Mayte Marcos ajuda muito com isso. É uma das minhas melhores amigas, excelente bailarina e coreógrafa. É fácil trabalhar com ela, porque ela me compreende, ela me deixa criar e também ajuda a decodificar.
Entrevistadora: Você sabia claramente como queria iniciar desde o começo?
Shak: Sabia que queria começar com uma música antiga, com Estoy Aqui. Havia o desafio de mostrá-la numa embalagem nova, que não mudasse muito em relação ao original, mas com outra cara, com uma sensação de música eletrônica para dançar, para que parecesse meu filho pródigo, o que vai embora e volta, mas é o mesmo filho, embora tenha dado a volta ao mundo. Era meu desejo com essa canção.
Entrevistadora: Você é como vimos na turnê, mas também é sabido, uma pessoa muito perfeccionista e meticulosa.
Shak: Não sei porque sou assim.Confesso que não queria ser assim. Sofro muito sendo assim.
Shak volta a falar com as amigas: Quantas versões fizemos das folhas?
- Da vegetação
- Acho que chegamos a 17 versões que eram muito densas, muito tropicais, pouco tropicais, muito Rousseau, muito Monet… Muito verde.
Shak: Aprendi a delegar e, para conseguir isso, precisei de uma equipe espetacular, extremamente inteligente. Mulheres extraordinárias, em quem confio totalmente.
Shak em diálogo com amigas: Estresso vocês ou não?
Um pouquinho.
Shak: Contratei você porque precisava de alguém mais baixa que eu, para me sentir meio superior, para compensar a humilhação que sofri no passado.
Shak: Isso também me deixa respirar.
Sofia: Horário militar, minuto por minuto. Até ir ao banheiro.
Shak: Sim, dois minutos para xixi. Sim, sou assim, rezar, dar oi aos filhos, aquecer a voz.
Shak: Houve um momento na minha vida em que não tinha equipe, quando estava sozinha contra o mundo, de executivos do setor musical e isso é um grande paradoxo, pois nessa área, muita gente não sabe o que faz.
Entrevistadora: que música a fez dizer “vou colocar porque quero, tenho vontade e é meu pequeno tesouro, que talvez não tenha incluído ou não tenham ouvido antes”?
Shak: Amarillo é uma dessas canções do lado B do meu álbum, mas não parece porque o público curtia muito. E toda noite a reação era parecida. Eu adorava cantá-la. Curtia o visual e atmosfera sonora. O que recebia do público, cartazes toda noite, surpresas da plateia, balões ou demonstrações de afeto. Também é uma canção muito sincera, que escrevi a Gerard, é óbvio e que me dá muito prazer. A estética dessa música foi talvez inspirada em artistas visuais como Anton Corbijn, um dos meus favoritos. Queria algo bem simples e gráfico. Certo? Cores, silhuetas, linhas retas. E, foi o que fizemos. Foi perfeito.
Entrevistadora: Falemos um pouco da sua voz. Porque sofreu um susto tão grande.Como reagiu quando ficou sabendo?
Shak: Foi muito duro, por parecer que minha identidade estava em jogo. Nos meses sem voz, ficou claro que precisava de uma intervenção médica, ou divina, mas algo tinha que acontecer. Acho que havia tanta energia positiva… Sei que é um chavão falar “energia positiva”, mas, quando se está cercada de desejos bons, coisas boas acontecem. Talvez, a lição que aprendi a duras penas, durante meses sem voz, foi que estava tão acostumada a controlar e dirigir tudo e, naquela hora, eu não podia fazer nada.
Entrevistadora: Qual o significado de família para você nesse momento e o que significou na sua carreira?
Shak: Para mim, a família é tudo. A família é minha prioridade. Daria tudo que tenho, daria minha voz de novo pela minha família. É ótimo ter meus pais novamente comigo, ao meu lado, na turnê, como nos velhos tempos. Foi um grande presente.
Entrevistadora: Tem uma parte no show em que você fica no meio do público.
Shak: Me sentia muito feliz em poder ver as pessoas celebrando, curtindo… Essa era a recompensa toda noite. A turnê, mais do que tudo, teve um sentido muito mais profundo do que as outras. Talvez, ao iniciar a carreira, haja um objetivo mais narcisista. Sua primeira turnê é meio assim, “vou confirmar o quanto me amam, vou confirmar o quanto gostam da minha música”. Desta vez, não precisava confirmar, pois já sabia que havia carinho. O público demonstrou no tempo em que fiquei sem voz, aqueles meses de calvário, de sofrimento. Meus fãs, as pessoas que mais amo e meus melhores amigos, eu nunca havia valorizado tanto a amizade, de quem me deu a mão, nos momentos mais difíceis. Também registrei quem não me apoiou. Para mim, o mais importante na turnê era renovar meu contrato com meu público, era essa comunhão. Para mim, o público foi o verdadeiro protagonista e eu uma serviçal, uma trabalhadora. Eu me sentia muito feliz em poder ver as pessoas celebrando, curtindo. Essa era minha recompensa toda noite.
Confira o álbum Shakira In Concert: El Dorado World Tour nas plataformas digitais:
Spotify / Deezer / Apple Music / Google Play