Resenha MTV: Shakira dá aula de pop poético no Palco Mundo

Nem o atraso de mais de meia hora conseguiu tirar o brilho da única apresentação da noite que não extravazou clichês. Sem dançarinos bombados típicos de qualquer show de pop, com encenações teatrais e uma expressão musical sincera, Shakira encantou a Cidade do Rock no fechamento do quinto dia de Rock in Rio.

A colombiana andou por outro caminho, seu show foi artístico de verdade, e não uma encenação artificial. Antes mesmo de entrar no palco, já rolava um sampler ‘eletro-latino’ para preparar o ambiente. O volume vai se abaixando e do fundo do palco se ouve o início de ‘Estoy Aqui’, marcando o início do show.

Ela chega ao palco toda carismática, falando em português, ainda sem rebolar. O curioso é que não é de costume da cantora começar seu show tocando o hit que consagrou sua carreira. Dizem que a música foi incluída no repertório após os brasileiros sentirem a falta da canção em sua passagem pelo Brasil com a turnê ‘Sale el Sol World Tour’, no começo deste ano.
Ela quis mesmo agradar. Em português perfeito, soltou: “Estou aqui para satisfazê-los! Aproveitem essa noite, eu sou toda de vocês”, antes de dizer que ama o Brasil. Foi então que o rebolado chegou ao Rock in Rio, com ‘Whenever’. Se antes a cantora estava com pinta de rockeira, toda empolgada, levantando o pedestal daqui pra lá, agora ela exibe seu lado sexy e o tal do pedestal quase vira pole dance.

À essa hora, Shakira resolveu causar e chamou algumas fãs para subirem ao palco. “Vamos lá, é só fazerem o que eu faço”, disse ela, como se fosse fácil a tarefa que viria adiante, quando a cantora começou a rebolar de um lado para o outro, passo a passo, para frente e para trás. As brasileiras até tentaram, ficou bonito, mas a elevada latina virou funk em seus quadris.

Mas voltando à música, por detrás de Shakira esteve uma banda toda presente e enérgica. O instrumental foi um dos destaques do show, dando uma base emocional forte para as performances teatrais da cantora colombiana, principalmente nas músicas mais lentas como ‘Inevitable’, ‘Nothing Else Matter’ (cover Metallica) , ‘Gypsy’ e ‘Las de La Intuición’, quando o público não precisou gritar histericamente pra demonstrar que estava gostando.

Foi pra Ke$ha aprender como fazer pop. Shakira se jogou no chão, rebolou, se vestiu de noiva abandonada, tocou gaita, guitarra, tudo com muita arte e na hora certa. Ela demonstrou que antes de ser estrela do pop, é necessário ser música, saber o que faz, pelo menos se quiser fazer isso direito.

No final, sua roupa já estava menor, só com um top e uma saia longa, que ressaltaram o lado sexy da cantora que foi sendo demonstrado naturalmente durante o show, nada de exibições forçadas, só o natural.
A surpresa da noite, que já não era tão surpresa assim, foi quando a colombiana se despediu do público toda com lágrimas nos olhos e voltou para o Bis chamando a brasileira Ivete Sangalo para subir ao palco. Juntas, elas cantaram ‘País Tropical’, famosa na voz de Jorge Ben.

Daí pra frente, Shakira deu uma dose de adrenalina para fechar sua noite de amor e arte com o público da Cidade do Rock. A cantora apresentou ‘Hips Don’t Lie’ e ‘Waka Waka’ e fechou a noite que, mesmo sendo cabível de sofrer críticas em relação à diversidade de gêneros além do bom senso, trouxe uma noção de pop diferente do que foi exibido no Palco Mundo durante os demais dias.
Confira o setlist do show:

Estoy aqui
Te dejo madrid
Si te vas
Whenever, Wherever 
Inevitable
Nothing Else Matters 
Gypsy
La Tortura
Ciega, Sordomuda
Sale el Sol
Las de La intuición
Loca
She Wolf
Ojos Así
Pais Tropical
Hips Don’t Lie 
Waka Waka

Por DAVI ROCHA E GUILHERME RIBEIRO

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