Depois de sua performance no Madison Square Garden, na última terça-feira, o mítico crítico musical John Pareles escreveu uma resenha sobre o espetáculo no The New York Times. Confira!
Shakira anunciou um grande e simples objetivo para sua performance no Madison Square Garden, na última terça à noite: “Estou aqui para agradá-los”, ela declarou. Este é um objetivo pop, e alguns de seus métodos foram bem universais. Outros foram bem próprios dela.
Como muitas estrelas pop, Shakira cantou sobre amor e romance, sobre desejo compartilhado e vontade solitária, sobre arrependimentos e vingança. As músicas que a transformaram em uma estrela na Colômbia na década de 1990, cantando em espanhol, podem ser briguentas: “Si Te Vas” (“Se você for”) diz a um amado fugitivo que não espere que possa voltar. Mas ela pode ser apaixonada, também, como foi em seu hit mundial de 2001, “whenever Wherever”. No palco, ela tem faixas para serem cantadas junto em ambas as línguas.
Ela é uma estrela com consciência. Entre as datas da turnê de arenas de Shakira havia um espaço, na quarta-feira, para a Global Clinton Iniciative – um encontro promovido por Bill Clinton para reunir filantropos, figuras do governo e pessoas que fazem o bem – para falar sobre sua Fundação Pies Descalzos na Colômbia. No Madison Square Garden, se apresentando descalça, ela cumprimentou os presidentes do Chile e da Colômbia que estavam na platéia,.
Seu show usou sons do legado cultural dos Estados Unidos: batidas de rock, construções de cordas ou, em faixas de seu álbum “She Wolf”, de 2009, batidas constantes e sons eletrônicos de música club. Porém, para cada canção com uma pegada norte-americana Shakira também tinha uma com sabor mais internacional. Isto pode ser justificado em parte por sua origem: seu último nome é Mebarak, ela é colombiana de uma família de descendência libanesa, espanhola e italiana – mas acima de tudo, por seus ouvidos bem abertos.
Após mesclar “Whenever, Wherever” com a levada rock de “Unbelievable”, um hit dos anos 1990 da banda britânica EMF, ela seguiu com outra faixa de rock: “Nothing Else Matters”, do Metallica, que ela e sua banda fizeram soar andina, com bateria de seis batidas, e um charango. A rápida batucada de um instrumento de percussão do oriente médio, o dumbek, transformaram outras músicas, num arabismos vocais.
O faixa-título do próximo disco de Shakira, “sale El Sol”, com lançamento previsto para 19 de outubro, é um rock determinadamente otimista. Outras faixas novas que ela apresentou são colaborações com rappers caribenhos: um merengue cantado e rappeado, “loca”, e uma colaboração com o grupo portoriquenho Calle 13, “Gordita,”que tem a parte do rapper Residente em vídeo.
Shakira usou sua voz mutante, que pode ir, de uma frase a outra, entre inocência sussurrada, sons sensuais e trêmulos, e agudos afiados. E ela usou seu corpo, com um sorriso de menina e movimentos de dança e sensualidade sutilmente calibrada: batidas de quadril angulares, torções suaves em câmera lenta, e sinuosos movimentos com os pulsos, como se cada uma de suas juntas girasse 260 graus. Dois blocos deixaram Shakira próxima de seus fãs. Dança do ventre, tradições colombianas, hip-hop, salsa e flamenco. Todos aparecem nos movimentos de Shakira, e com seus tops que deixam o umbigo de fora – um deles cor de pele – e um telão de vídeo gigante, nenhum movimento passava despercebido. Para “Ojos Así ” , com um xale de moedas ao redor de sua cintura, ela fez vibrações de quadril em alta velocidade para combinar com as batidas do dumbek. Uma única faixa se tornou um show de auto-confiança.
As aspirações pop de Shakira agora podem ser apreciadas por todo o mundo. Ela encerrou o show com “Waka Waka”, a canção que levou para a Copa do Mundo este verão. Seu próximo álbum trará versões em inglês e espanhol da canção, mas ela cantou em inglês, mencionando uma tenacidade que pode ser usada dentro e fora de um campo de futebol. A faixa começa com uma marcha que lembra U2, mudando para um groove com letra da república de Camarões. Shakira conduziu uma dança com batidas de palmas e movimentos de ombro angulares.
No fim, ela declarou: “Somos todos África!”
Foi globalização em forma de pensamento puro e positivo.